Felizes, sempre?

Faz uns dias que não estou muito legal e tive vontade de dividir o que estou sentindo no Facebook. Logo desisti. Facebook, Orkut, Msn, são lugares de gente feliz, de bem com a vida. Quem contraria essa regra se torna rapidamente um chato, um depressivo virtual, que ninguém quer por perto. Eu mesmo, dias atrás, quase excluí duas pessoas do meu Facebook por causa disso. "Em plena virada de ano as pessoas reclamando! Que saco!" Pensei.
Felicidade é algo para dividirmos, a tristeza e a melancolia não.
Mas por que não?
Vivemos num mundo que nos obriga a ser felizes a qualquer custo, o tempo todo, não importa o que estejamos sentindo. Temos que sorrir para tudo e para todos, como se nossas famílias saíssem de comerciais de margarina, tivéssemos o carro do ano e o melhor trabalho do mundo. "Perdeu a casa e a família na enchente? Ora, pelo menos você está vivo! Agradeça!"
Há outros que para se enquadrarem na "ditadura da felicidade" vivem na negação. Escondem, ou disfarçam seus sentimentos, tentam sublimar, substituir seus afetos, mentem para si mesmos. Trocam amores por viagens, trabalham até a exaustão, compensam com bens materiais, vivem a vida dos filhos. Fazem isso aos montes. Não seria mais fácil lidar com os sentimentos, curar, e depois seguir em frente, do que jogar pra debaixo do tapete?
Não estou fazendo uma ode à depressão, longe disso, mas felicidade 24 horas por dia, 7 dias por semana, não me parece honesto. Me perdoem as Polianas. Até porque depois da tempestade o sol sempre volta a brilhar.

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