Inimigos

Para quem não sabe, no Estado de São Paulo os advogados contam com uma carteira de aposentadoria, gerida pelo IPESP, o mesmo órgão que até então cuidava das aposentadorias dos servidores públicos do Estado. Assim, mediante o pagamento de contribuição, mais uma parcela das custas judiciais, especificamente, as taxas de mandato judicial, recolhidas pelos próprios advogados, era garantida aos advogados uma aposentadoria um pouco mais decente. Nenhuma exorbitância, o teto é de 10 salários mínimos.
Na surdina, começaram o golpe contra os advogados. Primeiro a EC 45, ao dispor que as custas judiciais pertencem exclusivamente ao Poder Judiciário, retiraram parte de nossa receita que, repito, sempre foi paga pelos próprios advogados. Bateram a nossa carteira.
Depois o Estado resolveu extinguir o IPESP, criou a SPPrev e deixou a carteira dos advogados de fora. A OAB e outros órgãos deram início a negociações para solucionar a questão e manter a carteira viva. Até que, na calada da noite, na véspera do feriado de páscoa, o Governo do Estado mandou um projeto de lei extinguindo a carteira dos advogados. Mais ou menos assim, peguem o dinheiro que tem e dividam entre vocês. Se faltar, azar. Se cuidamos mal do dinheiro de vocês e não sobrar nada, azar também. Quem é aposentado ou pensionista vai receber por mais um ano. Ponto final. E mesmo com toda a chiadeira dos advogados, que prometem ir à Justiça e o escambau, o projeto está tramitando em regime de urgência na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.
Eu contribuo com o IPESP há praticamente 10 anos e faltariam mais 20 pra me aposentar, ou seja, depois de 1/3 do caminho percorrido chegam agora e dizem: "olha, dançou!!!" Vamos te devolver uma grana e você se vira? Se vira? Dez anos não voltam, e agora? Que se dane?
Se os órgãos que representam os advogados vão fazer alguma coisa eu não sei. Eu vou. Escolhi o IPESP justamente por confiar que lá adiante meu dinheiro estaria lá e eu me aposentaria dignamente, então de uma hora para outra mandam eu me virar?
A quem possa interessar, esse golpe começou no governo do Sr. Geraldo Alckmin e está sendo concluído no governo do Sr. José Serra. Quem encaminhou o projeto à Assembléia é o Sr. Alberto Goldman, vice-governador e o responsável pelos estudos, e provavelmente pelo texto do projeto de lei é o Sr. Mauro Ricardo Machado Costa, Secretário da Fazenda do Estado. É bom dar nome aos bois. Eles pertencem ao PSDB, partido que nunca mais terá um voto meu.
E pra terminar, como perguntar não ofende, os Senhores José Serra e Alberto Goldman recebem quanto a título de proventos de aposentadoria do Senado Federal e da Câmara dos Deputados? E de onde mais recebem?
E os Senhores advogados, que tanto lutaram pela redemocratização do Brasil para que esses mesmos sujeitos, inimigos da advocacia, pudessem ser eleitos, vão abaixar a cabeça resignados?

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