O tempo, sempre o tempo...

É preciso brecar a 'doença do tempo'

Marina Gold/Especial para o Terra

Em http://www.terra.com.br/cgi-bin/index_frame/esoterico/marina/visao/2008/09/08/001.htm

Estamos imersos em tempos furiosos. As pessoas vivem rotinas repletas de obrigações, apressadas, frenéticas, correndo sem parar para cá e para lá. Parece que um gigantesco cronômetro martela em nossas cabeças para que não deixemos de aproveitar cada migalha de tempo, encaixando mais e mais tarefas nas já apertadas horas de nossos dias. Não é estranho, portanto, que muitos dos que procuram meu apoio e trabalho espiritual tragam a queixa de estarem experimentando uma espécie de vertigem.

Essa vertigem se revela como desorientação em relação aos aspectos mais fundamentais da vida. Uma alienação absurda que deforma e compromete a relação das pessoas com os ritmos elementares e harmonicamente fluidos da Natureza. Uma "doença do tempo" nos atacou, exige que todos corram obsessivamente, pedalando mais e mais rápido para não perder a vez. Por que será que todo mundo está sempre com tanta pressa? Não seria possível e mesmo necessário dar uma maneirada? A pressão é grande e a velocidade não é sempre, ao contrário do que se propala, a melhor opção. Maximizar a eficiência é bastante interessante em muitas áreas da atividade humana, porém, como bem alertava o sensível Carlitos (Charles Chaplin), o homem precisa ser tratado de forma diferente da máquina, com generosidade.

Os japoneses criaram recentemente uma palavra, karoshi, para designar morte por excesso de trabalho. Os americanos não usufruem integralmente de seus períodos de férias, os ingleses vão trabalhar mesmo quando estão doentes. Pessoas cansadas cometem erros perigosos, comprometem a segurança, se tornam explosivas. Os países mais acelerados são os mais gordos, com altas taxas de consumo de álcool e drogas e distúrbios do sono elevados. O estresse coloca em risco a saúde ao provocar doenças cardíacas, digestivas, dermatológicas e, claro, psiquiátricas. O custo orgânico é alto, um verdadeiro desafio para a área da saúde pública.

Se a impaciência exige demais do nosso corpo, calcule como compromete nosso equilíbrio espiritual. Quando olhamos pela última vez a lua cheia? Quando aproveitamos, com prazer, o ventinho fresco da manhã no rosto? Quando brincamos tranqüilos com nosso filho?

É preciso escapar dessa corrida maluca. Correr menos com os e-mails, com o supermercado, com a ginástica, com os relacionamentos, com os automóveis. Encontrar um tempo mais acertado, mais justo, deixar serenar. É no lento que as boas coisas da vida acontecem e que o espírito, aquietado, pode florescer e amadurecer. Devemos pensar menos no ritmo que é útil para o mundo e mais naquela duração útil para nós mesmos.

Sábia escolha a do descanso semanal instituído pelo monoteísmo dos judeus. O "sábado" garantido e justificado por imposição divina, importante a ponto de ser um dos Dez Mandamentos. Perde-se na noite dos tempos tal determinação. Pastores e agricultores, após vencer uma semana animada de atividades, celebravam a vida com a melhor refeição, a melhor diversão e o melhor repouso. Desde então, muito progresso tecnológico foi alcançado, aumentamos bastante nosso bem-estar material. Diante disso, a pergunta: por que não ampliar o merecido descanso humano? Nossa espiritualidade agradeceria se a tratássemos melhor, não correndo desenfreadamente para lugar algum verdadeiramente significativo.


Será que essa é uma das razões que nos fazem crer que o tempo está passando cada vez mais depressa? Gostaria de comentar um pouco mais sobre o assunto, quem sabe quando sobrar um tempinho...


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